Posted by : •°o.O Misa O.o°•
domingo, janeiro 10, 2016
Depois de quase 2 anos voltámos. A história é da minha autoria e da Flávia. Não escrevia num blog há tanto tempo... Olá a todos!!!
O sol escondia-se atrás das árvores altas no limite da cidade. As
pessoas vindas dos diversos trabalhos caminhavam apressadas para voltar para
casa. Em passos mais lentos andavam os vendedores de rua que ainda não tinham
desistido.
Entre eles, uma jovem debaixo de uma capa preta desbotada, mas bem
preservada, tentava vender plantas curativas. Quem sempre a via sabia que ela
só aparecia por àquela hora e só ia embora quando a lua já ia alta. Embora a
sua presença fosse constante por ali ninguém sabia quem era, nem tinham
curiosidade. Algumas desconfiavam que estivesse gravemente doente e por isso se
escondesse. Era o suficiente para não se interessassem nela.
Valerie fechou os olhos, virou-se contra os últimos raios de sol e
finalmente abriu os olhos. À sua frente uma mulher desconfiada espiava a cesta.
— Com estas plantas a sua filha voltará a correr. – sussurrou a jovem
vendedora.
Assustada, a mulher levou as mãos ao coração e recuou. Valerie recuou
também por sentir uma tontura conhecida.
— Como sabes que ela está doente?! – A mulher tinha se aproximado para
não ser ouvida por outrem. As suas mãos queimadas pelo sol excessivo tinham
vários cortes onde o sangue espreitava. Tal como Valerie, ela tinha uma capa
que lhe cobria o corpo.
— Fique longe de mim! – rangeu.
— Quero as plantas! Não sei como sabes, mas eu preciso saber se resulta.
Subitamente, aquela pobre mãe chorava. Esquecendo tudo se ajoelha e
agarra a perna de Valerie continuando o choro lento.
Num movimento rápido, a jovem
inspecciona a rua e lentamente baixa o capuz.
— A sua filha precisa de tempo e de um ambiente melhor. Leve-a para o
campo. Em casa dos avós de certeza recuperará.
Quando a mulher levantou a cabeça para
se levantar não acreditou no que viu. De olhos arregalados, contemplou Valerie.
Os seus olhos completamente negros não mostravam expressão, mas esboçava um
sorriso doce e vermelho, que contrastava com a sua pele branca cor de neve sem
imperfeições. O cabelo era uma cascata acobreada.
— Não estás doente… Parece uma princesa. – a mulher até mudara a forma
de tratamento suspeitando ser verdade.
— Que esse segredo esteja entre nós e o céu. Tome a cesta.
Valerie deu a cesta em mãos à mulher demorando-se no gesto. Voltou a
tapar a cabeça e caminhou em direção à estrada para fora da cidade.
— Espere! Não quer a cesta? Quem é?
— Fuja.
Naquela altura sempre que alguém dizia para fugirem todos seguiam a
ordem. Tinham medo e por vezes com razão.
A vampira levou a mão à boca lambendo o
sangue que ficara ao entregar a cesta. A noite tinha finalmente chegado e ela
podia voltar para perto dos outros.
Ela não tinha necessidade de andar
a deambular pelas cidades a vender coisas aleatórias. Era tudo um teste de
resistência. Resistência ao sangue. O contato com os humanos fortalecia-a.
Muitas vezes tinha sido assim que tivera sangue dado de bandeja por eles mesmos
sem se aperceberem da sua verdadeira natureza.
Os vampiros eram espertos. Se
fossem cautelosos e bons na conversa os ingénuos nunca suspeitariam. Todos se
arriscavam demasiado.
Durante o caminho, vários nobres
ofereceram boleia a Valerie. Alguns da idade física dela, outros mais velhos.
Uns maliciosos, outros preocupados.
Ela tinha tirado a capa e dobrado-a
debaixo do vestido por isso os nobres achavam que fosse alguém da sua laia e
estivesse perdida.
Por fim, a carruagem, que ela
esperava, chegou e sem cerimónias entrou dentro dela.
— Onde está a cesta? – perguntou o
rapaz que estava deitado no banco frente a ela. Ele tinha a roupa de um nobre,
mas não as maneiras de um. A camisa estava aberta e os sapatos no chão. O
cabelo preto curto estava despenteado contra a parede e os olhos também pretos
encaravam-na em transe.
— Esqueci. – disse ela também se
deitando.
— Cheiras a sangue velho.
— Cheiras a sangue sujo. – ripostou
ela levando as mãos para cima, como se quisesse tocar o teto da carruagem.
Começou a divagar em memórias
passadas e sugestões do futuro. Em breve teria de partir para terras distantes
novamente. No máximo permanecia num lugar por 5 anos. A partir dessa altura as
pessoas começavam a desconfiar o porquê de ela não engordar e amadurecer como
todas as jovens ao seu redor.
Era o mesmo com Thomas, que por
essa altura o perseguiam para ter família
Podiam ser jovens da nobreza ou até os pais das mesmas que queriam ver
as filhas casadas com homens interessantes.
Aos olhos de todos eles, Valerie e
Thomas eram interessantes…
Enquanto que eles próprios
denominavam-se viajantes sedentos, pensou Valerie.
— Há muito tempo que não vemos
Lobisomens… - disse o vampiro cortando a linha de raciocínio dela depois de ter
rido do proferido antes.
— Eles nunca estão longe. –
assegurou franzindo o nariz como se a ideia a repugnasse. Não era de todo
mentira. Se havia algo que era incontestável era a luta eterna dos dois seres.
— Chegámos. – informou Thomas
sem ter mexido um centímetro.
A carruagem ainda andava. A vampira
de cabelo acobreado ergueu-se e espreitou pela janela. Do lado de fora uma
mansão soberba e escura ocupava o seu campo de visão. A fachada parecia um
castelo em tamanho pequeno. Uma fortaleza talvez. Não se viam guardas. Duas
tochas iluminavam a entrada e uma mulher que os esperava. Toda ela era cor do
fogo.
Os monstros tinham chegado a
“casa”.
Ainda estou confusa com o regresso aqui ao blog. Que saudades! Espero que tenham gostado de mais um capítulo de Eternal Fight e Bom Ano!
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